Alberto Garzón Espinosa, membro do Conselho Científico da ATTAC Espanha, publicou recentemente um texto em que desmonta a narrativa, amplamente difundida, que aponta o excesso de despesas públicas como causa da crise. Os dados e o contexto político-partidário são, obviamente, espanhóis, mas a análise aplica-se a Portugal, onde é também claro que a «dívida pública se converteu no mecanismo mais eficaz de socialização das perdas e privatização dos lucros». A conclusão de Espinosa é que a «dívida pública não é a causa da crise mas sim precisamente a consequência da mesma».
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Há uma ideia generalizada, entre os cidadãos, que a culpa da crise é dos erros dos políticos e das despesas públicas. Trata-se de uma ideia claramente identificável com as teses liberais, segundo as quais a despesa pública deve ser muito mais baixa (o que justifica os cortes) e com que o próprio PP acena em cada uma das suas intervenções. Por exemplo, hoje o PP comentou que «por culpa do ex-primeiro-ministro [Zapatero] aumentou o peso da dívida pública em Espanha» e que Sarkozy acertou ao assinalar a despesa pública como sendo responsável pela crise.