Com a participação de uma trintena de pessoas (apesar da coincidência com o jogo da Selecção) realizou-se na sexta-feira ao fim da tarde uma sessão anunciada como «um debate necessário e urgente, sem verdades feitas, para responder às dúvidas das pessoas».
Convidado especial, o médico e humanista setubalense Dr. Mário Moura colocou algumas questões às quais tentaram responder Eugénia Pires, J. Vítor Malheiros e Martins Guerreiro. Seguiu-se um intenso debate, onde pontuaram duas gerações. Uma coisa ficou clara: a necessidade premente de «polir e corrigir a Democracia», com a participação de todos, designadamente dos que se queixam do estado a que ela chegou (tanto por causa do abandono do terreno a estes neoliberais).
As dificuldades de mobilização das pessoas, em especial das gerações pós-25 de Abril, esteve em discussão. Clara foi a mensagem: cada geração tem de procurar os seus próprios caminhos, não pode esperar, nem exigir, que sejam os mais velhos a proporem-lhos.
A hora de jantar não fez com que os presentes desistissem da discussão... numa sessão muito viva, muito participada, e muito pedagógica.
É verdade, vim tomar um cafézinho com o Presidente do BES. Não que ele me tenha convidado, ou eu a ele, mas depois de o ouvir na rádio, tive de o ler todo, na entrevista ao JN. E aproveitei-me da irresponsabilidade da minha formação não ser de economista; e do atrevimento da minha juventude (da mesma idade de RS); e do facto de sermos ambos filhos da escola (Reserva Naval - RN); para vir à conversa com este homem público (é isso, os homens públicos estão sujeitos a que o público se meta com eles...).
O despovoamento do Interior é inevitável
Quem quer ficar ali? As pessoas saem do Interior porque não querem lá ficar. Vêm para a cidade à procura do que lá não têm. E quem quer lutar contra isso não é quem lá viveu, são os da cidade (que tudo têm e querem impor aos outros que vivam onde eles não querem viver). As autoestradas só deviam ter um sentido: de lá para cá!
Não há dinheiro
Tudo o que digam e pensem não interessa, porque pura e simplesmente não há dinheiro. E portanto temos de fazer o que é exigido por aqueles que ainda estão dispostos a emprestar-nos, porque se não, não temos dinheiro para pagar ordenados dos funcionários públicos, nem manter escolas e serviço nacional de saúde a funcionar.
Estamos fartos de ouvir as razões que o Governo invoca, bem como os partidos que o suportam, sobre a Dívida, como se chegou a este ponto, e a necessidade absoluta de praticar a austeridade a níveis impensáveis, como única forma de o país poder voltar aos mercados (a cassette): é um enjôo de frases repetidas à exaustão, com o duplo objectivo de tentarem justificar as suas posições, mas sobretudo de, por via da repetição, inculcar essas ideias na cabeça das pessoas, para as tornar acríticas e crentes na bondade do caminho.